O Corinthians que entrará em campo amanhã para a partida contra o Oeste, válida pelas quartas de final do Campeonato Paulista às 18h30 não inspira confiança no torcedor. E não é pelos nomes que estarão em campo, já que o nosso filósofo na pele de treinador escalou o que a gente tem de melhor, incluindo a volta do já vendido Bruno César no lugar de Morais. A equipe de Itápolis foi derrotada com facilidade na partida da primeira fase do Pacaembu e não conseguiu marcar gols nas equipes grandes, quando estas jogaram com os titulares. O problema é bem maior. Desde 2009, uma sucessão de erros minou o Corinthians em todos os aspectos.
Bruno César, que está vendido ao Benfica, volta ao time titular neste sábado
Primeiro logo após o título da Copa do Brasil, Em julho. Mário Gobbi dizia que futebol era “bizinis” e que a voz da arquibancada era ignorante, após a majoração do preço dos ingressos para o Basileirão daquele ano. Falou que isso manteria um time forte. A venda de três titulares do time vitorioso do primeiro semestre daquele ano a preço de banana desmentiu a tese. Cristian, jogador com grande identificação com a torcida chorou na sua última coletiva como jogador alvinegro. Sanchez minimizou as declarações do volante, dizendo a frase que foi desmentida em várias oportunidades por dirigentes de outros clubes em atos: “Jogador quando quer sair, ninguém segura”.
Ali, o “planejumento” para o ano do centenário ganhou ares de pastelão. O desprezo pelo campeonato brasileiro também deixou o torcedor com um pé atrás. Aliás, torcedor complacente demais com jogadores que andavam em campo, e que, naquele campeonato, sofreram cinco derrotas no Pacaembu. Um relaxamento perigoso de uma torcida que nunca ficou parada para nada, em nenhum momento nos 100 anos de história do clube.
Cristian e Douglas, além de André Santos saíram sem nenhuma resistencia
2010 chegou e o centenário do clube de maior torcida da maior cidade da América Latina foi levado com um amadorismo extremo de todos. Um time nitidamente desentrosado se desenhava, mas mesmo assim o treinador não ligava para os resultados ruins, que se confirmaram primeiro com uma eliminação no campeonato estadual. Uma primeira fase ilusória contra times fracos na Libertadores apagava tudo. Até a supervalorização do torneio, que ficou latente no foguetório feito pela diretoria no início do primeiro jogo, o que rendeu um gol ao frágil Racing de Montevidéu. Nas arquibancadas, o conformismo continuava.
Talvez os aplausos ao fim da partida contra o Flamengo, que consumou uma eliminação anunciada tenham feito muito mal ao clube. Ali, estávamos avalizando a vagabundagem e a falta de comprometimento de alguns jogadores com o clube. A equipe que lutou pelo título brasileiro naquele ano mostrou isso em momentos decisivos, como a série de sete partidas sem vitória, que custou o campeonato. Ali a Fiel começou a agir com energia, mas já era tarde. O vírus já estava espalhado.
As declarações arrogantes dos dois “selecionáveis” após o empate contra o Goiás que custou a vaga direta na Libertadores dizendo que a Pré–Libertadores contra um time colombiano desconhecido era barbada deram o tom do que estava acontecendo. Desleixo total, departamento de futebol perdido e aplausos falsos diretamente da arquibancada, que pareceu esquecer a essência de ser Corinthians.
Tudo isso nos leva a um 2011 que, por enquanto, é um dos piores anos da história alvinegra. A campanha medíocre do Deportes Tolima (aquele colombiano desconhecido) na fase de grupos da Taça Libertadores potencializou um vexame que já foi grande. A torcida se revoltou após a eliminação, mas entrou em uma depressão poucas vezes vista na história alvinegra. A campanha cambaleante na fase inicial do estadual colaborou com isso. Apesar de decisivo, o jogo contra o Oeste não causa euforia para a Fiel. Traz sim, uma aura de preocupação. Por tudo o que aconteceu, não dá pra confiar nos 11 jogadores que envergarão o manto sagrado amanhã. A força terá que vir das arquibancada, que talvez também tenha aprendido com seus erros nos últimos anos.
Vitória por 3x0 na fase inicial para um Pacaembu vazio, cena comum neste campeonato